NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS
"Como nada entenderam do passado, nada podem sonhar para o futuro", disse Agostinho da Silva. Se o tivesse dito hoje, estaria seguramente a falar com Vladimir Putin, dando razão à ideia de Hegel quando defende que aprendemos com a História que o homem nunca aprendeu nada com a História, cometendo ciclicamente os mesmos erros. Aconteceu, entre outros, com Napoleão, com Hitler e agora com Putin.
Nos seus devaneios autocráticos e imperialistas, motivados ainda mais após a segurança sentida aquando da anexação da Crimeia sem grandes consequências para si e para a Rússia, Putin resolveu agora apelar à "moralidade" para continuar a invadir a Ucrânia que, como se sabe, é um país soberano, utilizando - imagine-se - fake news. "Se estudássemos as grandes frases morais de pessoas com poder, ao longo da História, veríamos que são muitas vezes prefácios de grandes tragédias", afirmou em tempos Gonçalo M. Tavares numa entrevista.
A Rússia de Putin tem libertado um rol de mentiras para os media (sob a forma de bases justificativas dos seus atos), na esperança de que estas fossem validadas por alguém, esquecendo-se da essência de tudo o que está a acontecer, essência essa que pode ser sintetizada pelas palavras de Abraham Lincoln quando disse que "nenhum homem é suficientemente bom para governar outros, sem o consentimento destes".
Sem ainda sabermos muito bem o que é que isto vai dar, e se de facto não há duas sem três (Guerras Mundiais), deixo para reflexão uma tese de Michael Tournier que assenta na ideia de que uma guerra não é provocada senão pelo único objetivo de permitir ao adulto voltar a ser criança, regredindo à idade das fantasias e dos soldadinhos de chumbo. Olhando para os intervenientes do passado e do presente, tendo a concordar. Já o futuro, a Deus pertence.
Comentários
Enviar um comentário